8 Elementos periféricos
São as indicações suplementares que o dicionário fornece sobre a natureza, emprego e outras características das unidades léxicas que define, assim como de suas acepções. Elemento periférico é tudo que não seja a entrada e o seu significado - por exemplo, a classe gramatical, a datação, a etimologia, informações de uso, nível de uso, ortoépia, as rubricas temáticas, a sinonímia etc. Além da classe gramatical e da datação, acima referidas, os elementos periféricos, cuja informação o dicionário presta entremeada com as acepções do campo do conteúdo, incluem: a derivação semântica, as rubricas temáticas e os dados acerca de regionalismo, nível de uso, estatística de emprego e registro diacrônico. Tais elementos, que são de natureza diferente e precedem sempre o texto da definição, podem aparecer isolados ou combinados no verbete, neste caso, na seguinte ordem:
classe gramatical, datação, derivação semântica (e a acepção restritiva freq.), rubrica temática, regionalismo, nível de uso, estatística de emprego e registro diacrônico
8.1 Nas unidades
léxicas definidas, há sentidos que derivam de outros. Tais derivações
semânticas - esclarecimento prestado ao leitor das transições
semânticas que dão nascimento a novas acepções de
uma palavra ou locução - incluem os seguintes itens: por extensão
de sentido p.ext.; por analogia p.ana.; por metáfora p.metf.;
por metonímia p.met.; por sinédoque p.sin.; galicismo
semântico gal.sem.; anglicismo semântico angl.sem.
a) Por extensão. Há sentidos que são extensões
da acepção pregressa ou de alguma das acepções anteriores
do verbete. Por exemplo, aurora é 'a claridade que aponta o início
da manhã, antes do nascer do Sol' e, por extensão, 'o despontar
da vida; infância' assim como também 'as primeiras manifestações
de qualquer coisa'.
b) Por analogia. Derivação que ocorre em razão
de uma analogia de forma ou de conteúdo com a acepção
anterior ou com um dos sentidos anteriores. Exemplo: bugalho é
o 'cecídio globular do carvalho' e, por analogia de forma, 'o
olho' (donde o esbugalhado).
Se duas ou mais destas informações forem prestadas conjuntamente,
as duas primeiras (p.ext. e p.ana.) precedem as outras.
c) Por metáfora. Neste tipo de derivação,
a palavra que se está definindo, por possuir relação de
semelhança com um objeto ou qualidade diferente, é empregada para
designá-lo.
A derivação por metáfora e a de sentido figurado
aparecem, eventualmente, sem definição no dicionário, caso
se trate de óbvia extensão da acepção anterior:
d) Por metonímia. Neste tipo de derivação, a palavra que se está definindo é empregada em outro sentido por uma relação qualitativa com alguma acepção anteriormente referida:
e) Por sinédoque. Neste tipo de derivação, variedade especial da metonímia, a relação passa a ser quantitativa:
f) Galicismo semântico. É um empréstimo do
francês, acepção exótica em relação
às vernáculas registradas através da evolução
da língua portuguesa:
g) Anglicismo semântico. É um empréstimo do
inglês, acepção exótica em relação
às vernáculas registradas através da evolução
da língua portuguesa:
8.2 A indicação de acepção restritiva é feita com uma subnumeração decimal em negrito, separada por ponto (por exemplo, 2.1....2.2.... etc.) e, em casos mais raros de necessidade de maior subdivisão: 2....2.1....2.1.1.... 2.1.2... 3.... etc.
No exemplo abaixo, a acepção 1, que é genérica, inclui o sentido restrito 1.1, o qual como que diminui o foco do anterior, designando algo mais restrito:
8.2.1 A indicação de freqüentemente (freq.),
constante do exemplo acima, quando empregada numa acepção restritiva,
indica que a palavra definida é mais empregada naquele determinado sentido
do que no anterior.
Quando, na mesma definição, conjugarem-se a derivação
semântica e a indicação de freq., esta vem depois
daquela.
8.3 Estatística de emprego é a informação relativa à freqüência com que determinada unidade léxica ou acepção se registra na língua:
(No caso de ocorrer junto com a derivação semântica na mesma
acepção, segue-se a esta.)
8.3.1 A estatística de emprego pode fundir-se, nos verbetes e
nas acepções remissivas, com o texto da remissão. Tais
informações grafam-se em tipo redondo, enquanto a palavra ou locução
para a qual remetem fica em versalete negrito-itálico, como de hábito.
São estes os casos:
forma não preferencial e mais usada que:
forma não preferencial e menos usada que:
forma preferencial e menos usada que:
mais correto e menos usado que:
menos correto e mais usado que:
8.3.1.1 Forma não preferencial é aquela julgada menos boa que outra ou outras, geralmente por estar mais afastada morfológica ou ortograficamente de seu étimo do que estas. Mais correto e menos correto foram fórmulas criadas para caracterizar vocábulos diferentes, e não formas variantes de um mesmo vocábulo, como no caso da forma preferencial e forma não preferencial. Numa gradação normativa, a fórmula mais incisiva de correção foi considerar determinada entrada uma palavra ou forma a evitar - já por preferência de ordem terminológica, já por vício de formação: