Detalhamento do verbete e outras informações técnicas


Mauro de Salles Villar

 

 

 

 

8 Elementos periféricos

São as indicações suplementares que o dicionário fornece sobre a natureza, emprego e outras características das unidades léxicas que define, assim como de suas acepções. Elemento periférico é tudo que não seja a entrada e o seu significado - por exemplo, a classe gramatical, a datação, a etimologia, informações de uso, nível de uso, ortoépia, as rubricas temáticas, a sinonímia etc. Além da classe gramatical e da datação, acima referidas, os elementos periféricos, cuja informação o dicionário presta entremeada com as acepções do campo do conteúdo, incluem: a derivação semântica, as rubricas temáticas e os dados acerca de regionalismo, nível de uso, estatística de emprego e registro diacrônico. Tais elementos, que são de natureza diferente e precedem sempre o texto da definição, podem aparecer isolados ou combinados no verbete, neste caso, na seguinte ordem:

classe gramatical, datação, derivação semântica (e a acepção restritiva freq.), rubrica temática, regionalismo, nível de uso, estatística de emprego e registro diacrônico

8.1 Nas unidades léxicas definidas, há sentidos que derivam de outros. Tais derivações semânticas - esclarecimento prestado ao leitor das transições semânticas que dão nascimento a novas acepções de uma palavra ou locução - incluem os seguintes itens: por extensão de sentido p.ext.; por analogia p.ana.; por metáfora p.metf.; por metonímia p.met.; por sinédoque p.sin.; galicismo semântico gal.sem.; anglicismo semântico angl.sem.
a) Por extensão. Há sentidos que são extensões da acepção pregressa ou de alguma das acepções anteriores do verbete. Por exemplo, aurora é 'a claridade que aponta o início da manhã, antes do nascer do Sol' e, por extensão, 'o despontar da vida; infância' assim como também 'as primeiras manifestações de qualquer coisa'.
b) Por analogia. Derivação que ocorre em razão de uma analogia de forma ou de conteúdo com a acepção anterior ou com um dos sentidos anteriores. Exemplo: bugalho é o 'cecídio globular do carvalho' e, por analogia de forma, 'o olho' (donde o esbugalhado).
Se duas ou mais destas informações forem prestadas conjuntamente, as duas primeiras (p.ext. e p.ana.) precedem as outras.
c) Por metáfora. Neste tipo de derivação, a palavra que se está definindo, por possuir relação de semelhança com um objeto ou qualidade diferente, é empregada para designá-lo.
A derivação por metáfora e a de sentido figurado aparecem, eventualmente, sem definição no dicionário, caso se trate de óbvia extensão da acepção anterior:

d) Por metonímia. Neste tipo de derivação, a palavra que se está definindo é empregada em outro sentido por uma relação qualitativa com alguma acepção anteriormente referida:

e) Por sinédoque. Neste tipo de derivação, variedade especial da metonímia, a relação passa a ser quantitativa:


f) Galicismo semântico. É um empréstimo do francês, acepção exótica em relação às vernáculas registradas através da evolução da língua portuguesa:


g) Anglicismo semântico. É um empréstimo do inglês, acepção exótica em relação às vernáculas registradas através da evolução da língua portuguesa:

 

8.2 A indicação de acepção restritiva é feita com uma subnumeração decimal em negrito, separada por ponto (por exemplo, 2.1....2.2.... etc.) e, em casos mais raros de necessidade de maior subdivisão: 2....2.1....2.1.1.... 2.1.2... 3.... etc.

No exemplo abaixo, a acepção 1, que é genérica, inclui o sentido restrito 1.1, o qual como que diminui o foco do anterior, designando algo mais restrito:


8.2.1 A indicação de freqüentemente (freq.), constante do exemplo acima, quando empregada numa acepção restritiva, indica que a palavra definida é mais empregada naquele determinado sentido do que no anterior.
Quando, na mesma definição, conjugarem-se a derivação semântica e a indicação de freq., esta vem depois daquela.

8.3 Estatística de emprego é a informação relativa à freqüência com que determinada unidade léxica ou acepção se registra na língua:


(No caso de ocorrer junto com a derivação semântica na mesma acepção, segue-se a esta.)
8.3.1 A estatística de emprego pode fundir-se, nos verbetes e nas acepções remissivas, com o texto da remissão. Tais informações grafam-se em tipo redondo, enquanto a palavra ou locução para a qual remetem fica em versalete negrito-itálico, como de hábito. São estes os casos:


forma não preferencial e mais usada que:

forma não preferencial e menos usada que:

forma preferencial e menos usada que:

mais correto e menos usado que:

menos correto e mais usado que:

8.3.1.1 Forma não preferencial é aquela julgada menos boa que outra ou outras, geralmente por estar mais afastada morfológica ou ortograficamente de seu étimo do que estas. Mais correto e menos correto foram fórmulas criadas para caracterizar vocábulos diferentes, e não formas variantes de um mesmo vocábulo, como no caso da forma preferencial e forma não preferencial. Numa gradação normativa, a fórmula mais incisiva de correção foi considerar determinada entrada uma palavra ou forma a evitar - já por preferência de ordem terminológica, já por vício de formação: